Em 2022, foi celebrado o 50ª Dia Mundial do Meio Ambiente

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A Organização das Nações Unidas (ONU) criou, através do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Dia Mundial do Meio Ambiente em 05 de junho de 1972. Anualmente a data vem sendo marcada pelas Conferências das Nações Unidas acerca do tema.

A partir da sua primeira celebração em 1973, o Dia Mundial do Meio Ambiente vem se desenvolvendo nas últimas cinco décadas com a participação de pessoas e entidades. Isso objetiva impulsionar mudanças comportamentais e de políticas ambientais para enfrentamento dos problemas e desafios atuais e urgentes.

No entanto, pode-se perceber um verdadeiro processo que não é nada fácil ou simples. Em outras palavras, diversos atos e acontecimentos eclodiram até se chegar à consciência e necessidade de criação de uma data tão específica. Acima de tudo, é uma questão histórica de conscientização.

A relação do ser humano com o meio ambiente

Chega a ser trágico, e é tão fato quanto verdadeiro que, dentre todos os seres vivos que habitam o planeta, o único capaz de se desenvolver tanto é o ser humano. Infelizmente também consegue explorar o meio ambiente a ponto de tornar possível a inviabilidade da manutenção da vida em qualquer tipo de escala, incluindo-se a dele própria.

Contudo, esse ser humano não foi sempre assim. Em um dado momento da sua existência, ele passou a perceber a possibilidade e condição de satisfazer suas necessidades (que não são poucas e a cada dia surgem mais). Tudo isso à custa do meio ambiente, desenvolvendo uma relação que se dava de forma extremamente individualista, sem se ater à questão da finitude desse meio ambiente!

Mas por que o ser humano é tão devastador para o meio ambiente? Por que de todos os seres vivos, o ser humano é o único que passa a se diferenciar no processo de evolução das espécies?

O detalhe é que a resposta não está em alguma característica anatômica ou na aquisição de habilidades que vão se formando com o passar do tempo. Toymbe (1979) já explicava que o que aconteceu foi o despertar do ser humano para uma percepção consciente, determinante para a formação de um comportamento ético antes não existente. Sendo assim, ele conseguia se distinguir de todos os demais seres vivos: a característica consciente do bem e do mal. Assim, foi impressa a identidade do ser humano em relação ao meio ambiente, qual seja, a de usufruí-lo conscientemente para satisfação das suas infinitas necessidades.

O homem na sua trajetória de conquista

Então, o ser humano passa a construir uma trajetória de conquistar tudo aquilo que faz parte do planeta Terra. Antes de tudo, elegendo-se como o seu senhor, de forma egoísta mesmo, promovendo verdadeira coisificação do meio ambiente.

O ser humano, egoísta por natureza, é uma verdadeira potência em si, detendo escolhas capazes de pôr em xeque-mate o meio ambiente, e ser considerado a maior das ameaças para a vida no planeta Terra.

De forma consciente e utilizando o meio ambiente como produto, a humanidade testemunhou e vem testemunhando na sua história um crescimento populacional. Junto a isso, o aumento da produção que teve e tem como consequências uma exploração dos recursos naturais feroz e voraz, forçando o próprio meio ambiente a estar sempre no limite.

De acordo com Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1991), chama a atenção o fato para um equilíbrio inevitável entre ser humano e natureza, diante de previsões tenebrosas com o objetivo de prevenir efeitos nunca desejáveis.

Historicamente se observou uma interação entre ser humano e meio ambiente institucionalizando-se um sistema de mercado no qual ambos são mercadorias. Com efeito, o ser humano como mão de obra e o meio ambiente como terra propriamente dita, fornecedora de toda a matéria prima. A partir daí, Polany (2012) então, já destacava que o sistema de produção capitalista que ganhou força com a Revolução Industrial no século XVIII é fator primordial no processo civilizatório para a degradação em grandes escalas do meio ambiente.

Sem querer ser pessimista, mas já sendo, esse ritmo de interação e produção resultará fatalmente no extermínio do ser humano e em danos irreparáveis para o meio ambiente. Isso justifica, segundo Polany (2012), necessariamente uma intervenção política e governamental, como um contramovimento com objetivo de enfrentar a ação do mercado em relação aos fatores de produção. Decerto, isso evidencia um sentimento de cooperação e uma concreta preocupação com o meio ambiente.

Cooperação exatamente na construção de um futuro sadio, justo e mais seguro, uma nova era de crescimento econômico, com base em políticas que visem a proteger a base de recursos da Terra. Assim alcançando uma nova perspectiva de que todos possam desfrutar no futuro, daquilo que alguns desfrutaram nos séculos passados, mas com o diferencial, aponta Jonas (2006), da responsabilidade entre gerações, compreendendo-se novos métodos de administrar os recursos ambientais e manter o desenvolvimento humano.

A mudança necessária para a humanidade

O ser humano deve mudar. Antes de mais nada, Boff (2012) retrata que essa mudança venha do medo de não haver mais um futuro. Assim, é fundamental a construção de uma percepção de proteção ao meio ambiente como se estivesse protegendo a si mesmo. Isto é, a percepção de que o ser humano não é mais o senhor absoluto do meio ambiente, mas dele faz parte e que deve assumir a responsabilidade de ser o seu protetor, e estar ciente e presente a cada dia 05 de junho.

Com a afirmação do dia 05 de junho mundialmente, a cada ano vem sendo celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente com uma motivação específica. Para exemplificar, há temas como “uma só terra”, “Reimagine. Recrie. Restaure”, “A hora de agir é agora, se quisermos garantir nosso presente e nosso futuro”, “Acabe com a Poluição Plástica”, dentre outras temáticas.

Sem dúvida, todas tratavam de temas como a preservação da camada de ozônio, preocupações sobre o aquecimento global, sempre chamando atenção para problemas atuais e urgentes. Todas passaram a fazer parte da agenda global da ONU. Assim, é possível dar destaque para o desenvolvimento sustentável, base para situar o meio ambiente em primeiro lugar para o desenvolvimento de qualquer sociedade.

Ações internacionais em prol do meio ambiente

No ano de 2000, o PNUMA lançou o endereço eletrônico do Dia Mundial do Meio Ambiente num evento sediado na cidade de Adelaide na Austrália, e denominado de “Milênio Ambiental – hora de agir”. Dessa forma, o objetivo era chamar a atenção das pessoas para que pudessem registrar suas atividades e demonstrar um sentimento de comunidade global, o que deve estar se tornando uma prática habitual com o uso cada vez mais maciço da internet e redes sociais.

Em 2022 celebrou-se os 50 anos do Dia Mundial do Meio Ambiente numa verdadeira convocação da humanidade para lutar pelo planeta Terra. Mais uma vez com o tema “Uma só Terra”, através de evento transmitido ao vivo da Suécia e Nairóbi pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), ocorrendo a chamada para o evento por vídeo do YouTube, milhares de vezes acessado.

Aqui no Brasil, vários projetos de leis estão em discussão no Senado e na Câmara Federal, mostrando que a questão ambiental vem sendo um dos assuntos mais discutidos pelo Congresso Nacional, a exemplo das PL n° 1539/2021, PL n° 2159/2021, PL n° 168/2018.

Referências bibliográficas:

BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. 18. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1991.

JONAS, Hans. O Princípio Responsabilidade. Ensaio de uma Ética para a Civilização Tecnológica. Tradução de Marijane Lisboa, Luiz Barros Montez. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2006.

PINCER, Pedro: 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Rádio Senado, 2022. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2022/06/02/5-de-junho-e-o-dia-mundial-do-meio-ambiente#:~:text=Domingo%2C%205%20de%20junho%2C%20%C3%A9,o%20Meio%20Ambiente%2C%20em%201974>. Acesso em 20, junho, 2022.

POLANYI, Karl. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier, 2012.

TOYMBEE, Arnold. A humanidade e a Mãe-Terra: uma história narrativa do mundo. Tradução de Helena Maria Camacho Martins Pereira. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.

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